domingo, 14 de março de 2010

Minhas pequenas poesias


Quadras

Toda flor tem seu perfume
Cada qual sua qualidade,
Tem as que provocam ciúme,
Tem as que deixam saudade!


Você tem o perfume da flor,
Você tem o gosto do mel.
Você é o amor
Que eu pedi ao céu!

Quando as tardes estiverem frias,
O céu quando chover,
Não rias!
São os meus olhos que choram por não te ver!


Conta-se em verso e prosa
Aquilo que não se pode falar,
Entrega-se uma linda rosa
Àqueles que nos querem criticar!


Antonio Nunes
Campos dos Goytacazes, RJ, março 2004







A estrada da vida

Não adianta fugir
Não adianta escapar,
Tudo tem que fluir
Tudo tem seu lugar.

Se você tem que ir
Não adianta parar,
É melhor prosseguir
E depois descansar.

Se você se ferir
É bom não chorar,
É melhor você rir
Para a dor logo passar.

Quando a porta se abrir,
Quando ao destino chegar,
Pensas que vai dormir,
Mas...é hora de trabalhar.

Antonio Nunes
Campos dos Goytacazes, RJ, 30/09/2003.
 





Cadeira vazia

Essa cadeira vazia
Pertence a você.
Você, que partiu um dia
Sem dizer o porquê.

Partiu, sem dizer para onde,
Partiu, sem dizer o motivo.
Hoje não sei onde se esconde
Mas de suas lembranças eu vivo.

Partiu, simplesmente partiu.
Partiu sem dizer adeus,
E minha alma sentiu
Caindo lágrimas dos olhos meus.

Essa cadeira vazia
Está esperando você.
Você, que partiu um dia
Sem dizer o porquê.


Antonio Nunes
10/09/2004.




Canta passarinho


Canta canta passarinho
Não pare de cantar,
Saia do seu ninho
Para o meu amor te admirar.

Que o seu cantar seja o meu canto
Que o seu cantar seja um sorriso,
Que espante qualquer pranto
E que só fique o paraíso.

Canta canta passarinho,
Cante sem parar.
Você não vai ficar sozinho
Outros a ti vão se juntar.

Juntos todos cantarão
Uma linda melodia,
Para alegrar o coração
Do meu amor por todo o dia!

Antonio Nunes
Campos dos Goytacazes, RJ 12/03/2004





Itaocara
Naquela pracinha fagueira
Ao canto dos passarinhos
Que não importam em mostrar seus ninhos,
Do rio cheguei à beira.

Com o olhar distante
Pude ver a serra,
Que é a marca da minha terra
E não pude seguir a diante.

Fiquei a olhar a ponte
Que tantas vezes passei,
Olhei a Igreja que já rezei,
Procurei a fonte e a encontrei.

Senti no momento o paraíso
Senti a brisa fresca no rosto,
Senti do mundo todo o gosto
E não pude resistir ao sorriso.

É bom voltar à terra
Sentir o solo
Dormir no colo
Acordar sem guerra.

Ficar parado
A olhar a ponte
A procurar a fonte
Sem ficar cansado.

Olhar o rio
Pisar na pedra lisa
Sentir a brisa
Sem sentir frio.


Não posso nunca esquecer
Desta pedra, que é Ita,
Que é tão bela, tão bonita,
E que sempre vou ter.

Vou sempre lembrar
Desta “Ocara”, que é Praça
E com toda graça,
Para ali, quero sempre voar.

Antonio Nunes
Itaocara, RJ, 08/10/2003.




Minha Terra Natalina



Neste torrão de terra

Numa manhã ensolarada,

Bem perto de uma serra

Dei meu choro de chegada.




"Mãe Lira" me aparou

E logo me acolheu,

Em suas mãos me segurou

E com suas preces me benzeu.



A terra natalina

Fica sempre na lembrança,

É a terra genuína

Para se cultivar a esperança.



Por terras distantes eu andei

E lindas terras conheci,

Igual a ti não encontrei

Nem de ti me esqueci.



És uma terra pequenina

Um raro quadro em aquarela,

És uma bela menina

Cujo nome é PORTELA!



Antonio Nunes

07/01/2010

Obs.: "Mãe Lira" era uma parteira daquela época, por cujas mãos muitas vidas vieram ao mundo.



Erros

Os erros que outrora cometi
Certamente não se repetirão,
Com o chicote da vida aprendi
A ver a vida com o coração.

Nem sempre os erros são sinais de tortura,
É caindo que se aprende a levantar.
Cada tombo é sempre amargura,
Mas são com eles que se aprende a levantar.

Erros, tantos erros cometidos.
Todos eles involuntários,
Alguns deles desmedidos
Outros tantos autoritários.

Uma mão que não foi estendida
Um abraço que não foi dado
Uma atenção esquecida
Um olhar que não foi olhado.

Ah! Mas quem nunca errou?
Todos têm seus defeitos,
E quem pela vida já passou
Sabe bem que não somos perfeitos!


Antonio Nunes

21/09/2004.



O nordestino

O nordestino é cabra da peste
Dorme em qualquer lugar,
Não importa como se veste
Está sempre pronto para sonhar!

Dorme numa boa cama
Mas prefere a sua rede,
Não é cabra que reclama
Dorme com fome e até com sede!

Se sua rede não estiver por perto
E a cama não existir,
Pode estar certo,
Ele não vai ficar sem dormir!

Se for preciso
Ele dorme no chão,
E se sente no paraíso
Porque tem amor no coração!

Antonio Nunes
Campos dos Goytacazes, RJ, 03/02/2004.



Se poeta eu fosse

Oh! Se poeta eu fosse
Falaria sempre do amor,
Da vida que é tão doce,
Louvaria qualquer flor.

Da lua não poderia esquecer,
Falaria das ondas do mar,
Da lareira de aquecer,
E da vida que se tem que amar.

Louvaria as manhãs risonhas,
Os verdes campos também,
As cachoeiras, rios e montanhas,
As serras, matas e até o além.

Oh! Se poeta eu fosse,
Viveria de sonhos,
A vida seria tão doce,
E os meus dias, todos risonhos.


Antonio Nunes
Campos dos Goytacazes, 03/02/2004.



Severino Vai, Severino retirante,
Procurar o seu destino (se é que você o tem).
Vai, Severino, para uma terra bem distante,
E lá, quem sabe, você possa viver bem.

Vai, Severino, siga a sua vida
Andando de “déu em déu”,
Essa vida tão sofrida
Que amarga mais que o fel.

E você ama a sua vida
Essa vida maltratada,
Cheia de sofrimento e caminhada.

Mas essa vida tão sofrida
É por você tão amada,
Pois foi a vida que lhe foi dada.

Antonio Nunes
Campos dos Goytacazes, janeiro 1995




Sonhos
Nos devaneios da vida
Perdi-me na escuridão do labirinto.
Procurei uma saída,
Sem êxito, me embriaguei com absinto.

Pensando estar lúcido
Caminhei por entre as trilhas.
Caminhei,
Cansei,
Parei,
Deitei e
Adormeci.

De repente ouço uma voz tugir;
Abri os olhos e vi que a escuridão não mais existia.
Levantei e vi que era hora de partir.

Uma porta se abriu
Uma luz surgiu
Os pássaros cantaram.

Vi que amanhecia.


Antonio Nunes
28/07/2004







Os calos de tua mão


Os calos de tua mão
Por vezes te deixa acanhado,
Deixa triste teu coração
E teu ser fica amargurado.

Tua vida foi lidar com a terra
Com a lavoura e com o gado,
Na planície ou na serra
Com a enxada e com o arado.

Por toda essa lida
Teus calos se afloraram,
São marcas de tua vida
Que em tuas mãos ficaram.

Não fiques por teus calos acanhado
Nem deixes triste teu coração,
Nem tão pouco fiques amargurado
Pois eles são as marcas de tua missão.

Orgulha-te dos calos de tua mão
São eles teu melhor documento,
Prova de teu trabalho e dedicação.
Exibe-os, sem o menor constrangimento!
Antonio Nunes
Dezembro 2009.

2 comentários:

  1. Querido Irmão Poeta Antunes,
    Percebemos o belissimo conteudo de sua valiosa poesia.
    Segundo o famoso escritor russo, Dostoiefski, ele opinava com veemencia de que "para escrever é necessário sofrer".
    Assim sendo, quero crer já tens a qualificação de escritor, pela inspiração que manifestas no ambito da dor e da saudade.
    Que novas inspirações o envolvam, poesia não se aprende como uma ciencia, já nasce em nosso íntimo.
    Muita Paz e inspiração,
    Do admirador
    Walter Samento de Sá Filho

    ResponderExcluir
  2. Fiquei emocionada com seus poemas, principalmente a poesia Minha Terra Natalina, pois também vim ao mundo pelas mãos de Mãe Lira.
    Sou artesã e poetisa, neta de Dona Sinhã Carvalhosa do Olho D'agua.
    Adir

    ResponderExcluir